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cascade, por marc vilanova

As quedas de água são a única fonte contínua de infrassons que podemos encontrar na Natureza. As grandes quedas de água criam frequências extremamente baixas que podem percorrer até 400 km. Essas frequências existem abaixo do nosso alcance audível e são impercetíveis ao ouvido humano. No entanto, outras espécies conseguem percebê-las. Estudos mais recentes demonstram como estas frequências são utilizadas na orientação das aves, sendo que algumas têm uma sensibilidade excecional para detetar infrassons. A deteção e memorização das frequências das quedas de água torna-se a base sensorial para as migrações de longa distância. Nos últimos anos, estudos detetaram falhas de navegação nas aves devido ao ruído antropogénico causado por fontes industriais e urbanas de frequências infrasónicas.
Pela primeira vez apresentada na Europa, e desenvolvida em residência artística no gnration e no Avatar (Quebec), Cascade utiliza gravações de infrassons registadas nas quedas de Montmorency, na cidade de Quebec, no Canadá. Estas gravações ativam 88 altifalantes, que são incapazes de reproduzir essas frequências, mas a sua vibração é transmitida para uma fibra ótica luminescente. Nesta peça, podemos ouvir uma tentativa de reproduzir estes sons e ver a sua ressonância visual através de fios de luz. O público é ainda convidado a caminhar através da cortina de fios de luz e perceber esses sons invisíveis através do corpo, procurando sentir a vibração numa tomada de consciência da multiplicidade de realidades que nos rodeiam.
Marc Vilanova é o artista visual e sonoro catalão que trabalha a interceção entre a arte, a ciência e a tecnologia, através de instalações sonoras e de luz, performances e esculturas. As suas peças têm sido apresentadas em festivais no Japão, EUA, Canadá, Brasil, Colômbia, Cuba, Irão, Taiwan, Coreia do Sul, Rússia e muitos países da Europa.

Marc Vilanova é um artista selecionado do programa de 2022 do EMAP — European Media Art Platform, iniciativa cofinanciada pelo programa Creative Europe. O trabalho conta ainda com a coprodução do Avatar Center (Quebec, Canadá).

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