exposições

vocal tract / black hole / vent shaft (part I), por diogo tudela

Vocal tract / black hole / vent shaft (part I) é um novo trabalho artístico de Diogo Tudela, artista, programador e investigador independente, cuja prática envolve ficção teórica, computação especulativa, práticas de simulação e mecatrónica.
Embora a voz possa ser descrita como uma modulação orgânica de um fluxo de ar interno, o facto da sua presença conferir subjetividade e profundidade ao seu locutor produz uma mística que ofusca qualquer tipo de retro engenharia, validando assim a figura teórica da voz sem corpo; um sinal que ecoa a partir de um intermédio abstrato que, na verdade, não necessita de estar ancorado em qualquer corpo.
Partindo da emergência da fala e de vocalizações a partir da ventilação, e do estatuto da voz enquanto significante desprovido de significado, este projeto propõe abordar o fenómeno vocal a partir da topologia do buraco negro. Tal como a voz, enquanto aberração morfológica, o buraco negro reside entre o poder organizacional que irradia e a sua própria natureza vicária, estabelecendo-se enquanto objeto que só pode ser abordado tangencialmente de modo a evitar a sucção fatal do seu núcleo.
Através de um estudo comparativo baseado em modelos computacionais, vídeo e som, a exposição vocal tract / black hole / vent shaft (part I) pretende articular possíveis dinâmicas entre o carácter assintótico do abismo vocal e do buraco negro.

sala 1
the vsss (vocal sphincteral  sound system)
peça sonora (6 canais), estrutura de alumínio, vidro, cera, cobre, pelos, gira-discos,
braços robóticos, computador, placa de som, mini-controlador, cablagem e software
100x40x350cm | 2020

Instalação sonora de 6 canais que conta com uma peça de som – construída exclusivamente a partir de voz e especializada num movimento circular que percorre o perímetro da sala – manipulada em tempo real por dois discos de cera modelados a semelhança de acidentes e orifícios dermatológicos, assentes sobre dois gira-discos em rotação. A informação cromática destes discos é interpretada por sensores de cor, montados em braços robóticos que exploram de forma não linear a sua superfície, fornecendo um sinal continuo utilizado na modelação da peça de som original.

oral anal wormhole
vídeo (cor, mudo, 07’00’’, loop)
dimensões variáveis | 2020

Peça de vídeo onde se apresenta um modelo computacional de um tubo de tecido humano percorrido por um fluxo de ar continuo. O modelo foi construído através da análise de texturas de pele e animado através da injeção de sinal sonoro no seu interior.

sala 2
voice the constructor
vídeo (cor, stereo, 17’02’’), estrutura de madeira e metal
200x200x35cm | 2020

Instalação de vídeo construída a partir da recolha de filmes eróticos e pornográficos dedicados às possibilidades de exploração e manipulação oral e anal que propõe uma retro-bioengenharia audiovisual do corpo a partir da voz. Utilizando a informação espectral de uma composição sonora feita através da granulação de vocalizações e sons de respiração extraídos dos registos videográficos recolhidos, a peça conta com a geração uma topologia espácio-temporal computacional utilizada na manipulação temporal das imagens originais. Assim sendo, voz e respiração tornam-se responsáveis pelo desfasamento temporal das imagens de onde foram inicialmente retiradas, forçando a corrupção e rearticulação de corpos através do som, numa proximidade como se estes se encontrassem no horizonte de eventos de um buraco negro.9

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