cinema
cinema no pátio: até nunca, de benoît jacquot
Pode dizer-se que o cinema começa pela projeção de imagens fotográficas 24 vezes por segundo, capazes de gerar na vista humana a ilusão de movimento. Do projetor à tela, a imagem desaparece e volta a aparecer. Esta ilusão das ilusões existe também numa das matérias de que o cinema é feito: as histórias. O Cinema no Pátio de 2021 propõe quatro filmes sobre fotografia e cinema, entre revelações e desaparições, abrindo e fechando com clássicos: uma máquina fotográfica que faz desaparecer as pessoas más (A Máquina de Matar Pessoas Más, Roberto Rossellini, 1952), o fantasma de um realizador de cinema que reaparece (Até Nunca, Benoît Jacquot, 2016), uma narradora que descreve imagens a um fotógrafo a perder a visão (Esplendor, Naomi Kawase, 2017), e por fim (depois de um ano feito de muito tempo entre paredes), a deriva de vespa pela cidade deserta no Verão e a liberdade no mar (Querido Diário, Nanni Moretti, 1993).
por eduardo brito
até nunca
benoît jacquot · frança, portugal · 2016 · drama · 90’ · m/16
com mathieu amalric, julia roy e jeanne balibar
Laura e Rey vivem numa casa à beira-mar.
Ele é cineasta, ela cria “performances” em que é a atriz.
Rey morre – acidente, suicídio? – , deixando-a só nesta casa.
Mas depressa ela deixa de estar sozinha.
Está lá alguém. É Rey, que está lá por ela e para ela, como um sonho mais longo que a noite, para que ela sobreviva.
O ciclo Cinema no Pátio 2021 é programado por Eduardo Brito
Eduardo Brito trabalha em cinema, fotografia e escrita. Os seus trabalhos exploram os temas verdade-ficção-memória, bem como a relação texto-imagem. Realizou as curtas metragens Penúmbria (2016), Declive (2018) e Ursula (2020). Escreveu o argumento das curtas O Facínora (Paulo Abreu, 2012), A Glória de Fazer Cinema em Portugal (Manuel Mozos, 2015) e O Homem Eterno (Luís Costa, 2017) e, com Rodrigo Areias, da longa Hálito Azul (2018). Estudou e lecionou na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e fez especialização em guião para cinema na Escuela Internacional de Cine y Televisión em Cuba.
This year’s Cinema no Pátio proposes four cinematic journey’s through cinema and photography: Roberto Rosselini’s ‘The Machine to Kill Bad People’ (1952), Benoît Jacquot’s ‘Never Again’ (2016), Naomi Kawase’s ‘Radiance’ (2017) and Nanni Moretti’s ‘Caro Diario’ (1993).