de que falamos quando falamos de racismo
luísa semedo
Toda a discriminação constrói-se através de uma ideia de diferença, o que conduz à questão: diferente de quem? Esta ideia é imposta pelo seu referente, o normativo — no caso português, o sujeito branco. A discriminação racial constitui uma das mais ignorantes construções sociais da humanidade, com os resultados ignóbeis, históricos e contemporâneos, que se conhecem. Este é um ciclo de conversas e cinema que partem do trauma do outro diferente, da “antítese” inventada sobre o qual este se define, e que o dão a ver, que o explicam, que o debatem. O tempo que vivemos torna este ciclo imperativo: está na hora de falarmos sobre este preconceito, das suas formas subtis às mais descaradas, da sua história aos dias de hoje. Está na hora de não ficarmos quietos.
Luísa Semedo nasceu em Lisboa em 1977, filha de mãe portuguesa e pai cabo-verdiano, viveu até aos 24 anos no Bairro da Serafina antes de emigrar para França onde nasceram os seus dois filhos. É doutorada em Filosofia (especialidade filosofia política e ética) pela Universidade Paris-Sorbonne. Nos últimos anos tem exercido uma atividade intensa como dirigente associativa (presidiu a associação Philo’Ensemble, a AGRAFr (Associação dos graduados portugueses em França), a CCPF (Coordenação das coletividades portuguesas de França) e preside atualmente a associação MigraCult. Leciona a cadeira de “Criação e Gestão de Associações e ONGs” na Universidade Clermont-Auvergne e é docente de Filosofia no liceu. É Conselheira das Comunidades Portuguesas e presidiu o Conselho Regional Europa do CCP. Tem igualmente uma atividade literária: venceu, em 2017, o primeiro lugar do Prémio Literário e de Ilustração Eça de Queiroz com o conto “Céu de Carvão, Mar de Aço”, editado posteriormente na coletânea “Desafios da Europa” pela Editora Livros de Ontem. O seu conto “O Arroz é Proibido” foi selecionado em 2018 para a terceira antologia de contos do Centro Mário Cláudio. É a autora do prefácio “Viagens Anteriores” do segundo volume da antologia “Poetas Lusófonos na Diáspora”, publicado pela Oxalá Editora, em 2018. Em 2019 foi publicado o seu primeiro romance “O Canto da Moreia” pela Coolbooks da Porto Editora. Em 2020 participou na colêtanea “Correr Mundo – Dez mulheres, dez histórias de emigração” da Oxalá Editora com o conto “Eu empresto-te a Mariá”, e no primeiro número da CapMag Junior com o conto infantil “Júlia no país das estrelas”. Foi cronista na Rádio Alfa e colaborou com o LusoJornal e a revista CAPMag.
A moderação da conversa estará a cargo de João Rosmaninho, arquiteto e professor na Universidade do Minho.
O ciclo de conversas e cinema De que falamos quando falamos de racismo é programado por Marta Machado e Eduardo Brito.