de que falamos quando falamos de racismo
sara serpa
Toda a discriminação constrói-se através de uma ideia de diferença, o que conduz à questão: diferente de quem? Esta ideia é imposta pelo seu referente, o normativo — no caso português, o sujeito branco. A discriminação racial constitui uma das mais ignorantes construções sociais da humanidade, com os resultados ignóbeis, históricos e contemporâneos, que se conhecem. Este é um ciclo de conversas e cinema que partem do trauma do outro diferente, da “antítese” inventada sobre o qual este se define, e que o dão a ver, que o explicam, que o debatem. O tempo que vivemos torna este ciclo imperativo: está na hora de falarmos sobre este preconceito, das suas formas subtis às mais descaradas, da sua história aos dias de hoje. Está na hora de não ficarmos quietos.
sara serpa
Cantora-compositora e improvisadora portuguesa, Sara Serpa implementa uma abordagem instrumental única ao estilo vocal. Reconhecida pelo seu canto característico sem palavras, Serpa tem trabalhado em jazz, música improvisada e experimental desde que chegou a Nova York em 2008. Descrita pelo New York Times como “uma cantora de uma elegância e visão cosmopolita”, em 2020 lança Recognition, documentário experimental, musicado ao vivo, que parte dos arquivos da sua família e retrata o período colonial português em Angola, tendo como intuito quebrar o silêncio sobre o colonialismo português e o racismo institucional.
A moderação da conversa estará a cargo de João Rosmaninho, arquiteto e professor na Universidade do Minho.