música
“Queria fazer uma peça ambiental que soasse como um milhar de concertos rock a reverberar numa sala distante”, descrevia Rafael Toral à New York Press em 1998, três anos depois de ter gravado Wave Field e quatro após o lançamento pela Moneyland Records. 20 anos passados sobre as declarações do músico lisboeta à imprensa nova-iorquina, Wave Field é reeditado pela prestigiada editora norte-americana Drag City e, pela primeira vez, em formato vinil. Mas voltemos a 1994, mais propriamente a 6 de fevereiro, e ao Dramático de Cascais, noite que juntava os Buzzcocks e os Nirvana, estes na sua única passagem pelo país. E porquê aqui? Porque foi no concerto dos Buzzcocks que Rafael Toral encontrou, por epifania, a essência para Wave Field. “A acústica era tão ruim que tudo que eu podia ouvir era um rugido amorfo, mas, à medida que a minha atenção se afastava desse cenário tedioso, comecei a ouvir uma corrente desarticulada de sons elétricos e achei-a extremamente interessante. Quando saí do concerto, já estava a sonhar com o Wave Field”. Foi nesse sonho que Rafael Toral viveu ainda mais um ano, período em que procurou exaustivamente a mistura que corresponderia ao som abstrato que idealizara para a sua guitarra. Peça fundamental da música ambient nas últimas três décadas, Wave Field é o resultado de uma guitarra que vai para além do seu tempo e do espaço – tanto é que Lee Ranaldo (Sonic Youth) e Jim O’Rourke teceram honrosas considerações. Da reedição ao palco foi um passo. Em agosto de 2018, Rafael Toral revisitou Wave Field num concerto no Museu do Chiado, em Lisboa. Agora, em Braga, apresenta-o acompanhado de uma componente audiovisual e em sistema de som surround 6:1, adicionando mais ondas a um campo intemporal.
Rafael Toral performs “Wave Field” Surround AV Version. After Drag City’s recent LP reissue of “Wave Field”, Rafael Toral responds to the challenge of revisiting this seminal album of Ambient music that he recorded with the guitar in 1994
lotação 100 pessoas (plateia sentada)